segunda-feira, 16 de abril de 2007


“Sempre tive habilidade para criar coisas e as pessoas me ajudaram a seguir essa linha de pensamento”, disse Rubens Alfredo Castamann; confira a entrevista.
Rubens Alfredo Castamann, 42 anos, casado com a maestrina Giordana Galvam Lübe há 14 anos, tem dois filhos: Sarah e Günther. Ele nasceu em Capanema/PR, morou em Curitiba/PR, Xanxerê/SC e há 27 anos mora em Cascavel/PR. O plastimodelista, inventor e design teve incentivo e influência dos pais e de descendentes de italianos, alemães e poloneses nas suas criações.

Você lembra quando começou a criar objetos?

Eu não sei exatamente quando, mas tenho um carro antigo que fiz quando tinha onze anos, ele é bem detalhado, de madeira, pano, direção de plástico, tecido (banco) e uma grande quantidade de percevejos... e não foi o primeiro, creio que comecei a fazer objetos com oito anos.

Como foi esta influência dos seus pais?

Desde criança sempre demonstrei, segundo meus pais, aptidão e interesse em criar “coisas” que me ajudassem nas brincadeiras. Eu passava horas na oficina mecânica de meu pai cortando, pregando e pintando madeira, realizando assim, a construção de algum tipo de brinquedo que não existia no mercado ou que eu não tinha acesso devido ao alto valor. Meu pai sempre me ensinou a trabalhar com ferramentas que até hoje utilizo para desenvolver os protótipos.

E a influência dos moradores de Xanxerê?

Morei 11 anos em Xanxerê que é uma cidade formada por descendentes de italianos, alemães e poloneses, povos criativos, onde neste local existem até hoje um número grande de indústrias que lançam produtos inovadores no mercado, apesar de ser uma cidade pequena, contribuindo assim, para que eu seguisse na minha vida por uma busca incessante por novidades.

Qual a sua formação?

Cursei o primeiro grau em colégios particulares, em Xanxerê. Em 1980 vim para Cascavel, onde moro até hoje e cursei desenho arquitetônico em escola pública. Na antiga Fecivel iniciei os cursos de ciências e matemática mas não finalizei. Eu estou cursando atualmente Gestão Empreendedora de Negócios pela Fatec de Curitiba-PR, curso a distância, aliás, essa forma de “tele-sala” eu já havia imaginado ainda quando criança e hoje é uma realidade (muito curioso isso...).

Então você aprendeu a desenhar na escola pública?

Não, a escola me mostrou caminhos, eu desenvolvi a habilidade de desenhar sozinho e descobri o efeito da perspectiva observando figuras e fotos ainda quando criança. O desenho é importantíssimo na vida, pois, sempre faço esboços ou o desenho final para depois materializá-lo em madeira, plástico, resina entre outros materiais.

Qual o comportamento da tua família em relação aos seus inventos?

Minha família aceita muito bem meu modo de pensar e ser, acompanham sempre, quando estou desenvolvendo algo. Sugerem modificações, aprovam ou reprovam idéias que tenho, isso para mim é extremamente importante, uma vez que, essas ações fazem parte da opinião das pessoas em modo geral que temos no mercado.

Além de plastimodelista, inventor e design você tem mais alguma profissão?

Por gostar muito cinema, em 1990 fiz parte de uma sociedade com mais duas pessoas de uma produtora de vídeo, onde filmávamos casamento e festas de aniversários entre outros eventos, produzimos programas de televisão e gravamos filmes para festivais da região e estadual, daí meu interesse, até hoje, de trabalhar em televisão.

Como você administra seu tempo pra cada tarefa ou profissão?

Trabalho na TV Tarobá no período da manhã e a tarde e a noite eu ocupo meu tempo fazendo as invenções em uma pequena oficina que tenho na minha residência. Neste local construo de forma artesanal, instrumentos musicais como violão elétrico, contrabaixo vertical, bandolim, violão tradicional, violino elétrico entre outros.

Quais projetos podemos destacar em cada uma destas profissões?

Considero todos os projetos que fiz muito importantes, todos merecem destaque! Existe um que comecei a fazer na adolescência e ainda não conclui que é um motor auto-suficiente (máquina que gera a própria energia para funcionar), não conheço nenhum inventor que não tenha iniciado algo nesse sentido e não tem um dia sequer que não penso nele.

Você tem mais algum projeto?

Além de um trator agrícola com esteira; um veículo compacto para transporte individual urbano que utiliza motor híbrido (são dois tipos de motores: um a combustível que gera eletricidade para baterias, alimentando dois pequenos motores elétricos que impulsionam o mini-carro), instrumentos musicais, bicicleta, aparelhos para utilização em televisão (projetos) e roteiros de cinema.

Quais são os planos para o futuro?

Pretendo criar um estúdio de design/projetos para desenvolver produtos industrializáveis para indústrias.

Você daria algum conselho para quem pretende ser polivalente como você.

Não me considero polivalente, apenas aplico o que aprendi desde minha infância para realizar até hoje invenções que possam ser úteis para a humanidade. Acho que para uma pessoa ser polivalente... primeiro, fica um pouco difícil conseguir fazer algo bem feito quando se faz de tudo um pouco, segundo, é preciso muita determinação para obter sucesso em qualquer ramo de trabalho, por isso acredito: o inventor é incompleto por natureza, sabe criar, mas não sabe vender, administrar, comprar, entre outros e preocupado com isso resolvi fazer uma faculdade que engloba estas “artimanhas” que me faltam.”


carrinho - criado construído aos 11 anos de idade.

Cabine de um tricíclo de carga para uma indústria de tratores de Cascavel.

trator agrícola - protótipo de um trator agrícola com esteira criado entre fevereiro e maio de 2001, no apartamento onde o inventor morava. Ele projetou, cortou o PVC (material usado para construir o protótipo), soldou com solvente especial para este tipo de plástico, confeccionou os links das esteiras em resina acrílica, cortou madeira, pintou,... tudo dentro do apartamento. É um dos meus melhores trabalhos em modelismo (construção do zero, sem kit comprado em lojas).

cinema - Set de filmagem do filme “Desaparecidos”, do direto Antônio Marcos Ferreira – Cascavel/PR; uma nave espacial que foi filmada, ela está ao fundo, em cima de uma plataforma. O objeto representou a nave da besta que se destruiu. Para o filme o inventor também montrui uma maquete gigante, com 30 m2, de um sítio onde tinha cerca de oitenta árvores, uma casa, um lago, um carro (jeep) que andava com farol acesso por uma estrada, em escala 1:24, em apenas oito dias (dez pessoas ajudaram na confecção), “usamos isopor para a superfície, madeira para a casa e raízes para as árvores que foram cobertas com pequeninas folhas.

violão elétrico vazado - Instrumento musical feito de cedro e marfim, com captação elétrica propicia um excelente som de violão com seis cordas, com pintura personalizada e desenho esculpido na madeira.